Mulheres e HQs: as quadrinistas brasileiras que estão ganhando visibilidade com publicações independentes

Imagem original: Magra de Ruim

À primeira vista, o mercado dos quadrinhos parece um universo fechado com garotos nerds e suas histórias de heróis americanos. Bem, me desculpe se você é um dos garotos nerds ou heróis americanos (vai saber, né?), mas não é bem assim. A Natânia, do Lady's Comics, sintetizou bem ao afirmar que "elas (mulheres) são, também, leitoras de quadrinhos de aventura, superaventura, terror, suspense, crime e ficção científica. Apesar do rótulo 'coisa de menino' que se dá para estes gêneros, eles sempre tiveram seu público feminino, apenas não era reconhecido".

A questão é que esse espaço de imaginação, conhecimento e possibilidades está cada vez mais amigavel a todos os tipos de leitores. E leitoras também. Humor, terror, suspense, romance, autobiografia: as mulheres não só têm lido HQs tanto ou mais que os homens, como também têm produzido seus próprios quadrinhos. É o caso da Bianca Pinheiro, que desde criança lia e desenhava quadrinhos. Ou da Sirlanney, que já na vida adulta chegou sem querer a esse universo e, como muitas de nós, chegou para ficar. Ou como Catharia Baltar, que sempre desenhou e resolveu unir dois hobbies agradáveis: aquarela e quadrinhos. As três são algumas das quadrinistas brasileiras que estão ganhando visibilidade com publicações independentes.

QUEM SÃO ELAS?

Quadrinista Bianca PinheiroBianca Pinheiro facebooktumblr
Os primeiros gibis da carioca/curitibana Bianca vieram das mãos maternas e paternas. Para auxiliar no processo de alfabetização, ela aceitou de bom grado a amizade da Turma da Mônica. Não demorou muito e já produzia seus próprios rabiscos inspirados na mesma turminha. Já depois dos 20, e com uma visão mais ampla das produções de HQs, Bianca ganhou visiblidade na internet por meio de suas histórias; entre elas, BEAR, uma webcomic sobre as aventuras de uma garotinha chamada Raven e seu amigo urso; Dora, uma história em quadrinhos de suspense/terror; e a série de ilustrações Pequenas Satisfações Humanas. Seu último trabalho lançado em versão impressa foi ALHO-PORÓ, uma história veloz e fulminante que une cinco protagonistas misteriosas e sua missão de finalizar uma receita com alho-poró.

Trecho de Alho-Poró, da Bianca Pinheiro


Quadrinista Sirlanney NogueiraSirlanney Nogueira facebooktumblr
Cearense (uhuuu), entrou por acaso no mundo das HQs, como já citei, e na minha vida/estante também. Sy sempre publicou seus textos em um blog, para não deixar guardado tudo que precisava ser dito (quem nunca, hein?). Enquanto trabalhava em livrarias, terras "cheias de escritores promissores", como ela mesma define, descobriu a leitura rápida das histórias em quadrinhos. Daí, dos textos em blog para os quadrinhos foi um pulo. Suas ilustrações têm temas bem parecidos entre si, abordando sexualidade, mulheres e relacionamentos humanos (não necessariamente amorosos). É um trabalho forte que se manifesta na leveza dos desenhos e das aquarelas. O primeiro livro, Magra de Ruim, foi lançado em 2014 como um compilado das melhores criações, além de ter conteúdo inédito.

Trecho de Magra de Ruim, da Sirlanney


Quadrinista Catharina BaltarCatharina Baltar facebook • tumblr
Essa brasiliense de 26 anos tem um dos estilos de desenhos mais lindos: é um contraste na delicadeza das cores em aquarela com sombras fortes e um traço fino. Formada em desenho industrial, trabalha com jogos digitais há 6 anos e só em 2014 se aventurou pelos quadrinhos. Seu primeiro lançamento foi Cerulean, publicado em 2016, em que a protagonista é uma jovem sereia míope e de cabelo azul que muito se encanta pela tecnologia humana depois que encontra um celular. O segundo, lançado já no finalzinho de 2017, se chama Lacrimosa, HQ sobre uma pequena lágrima que ganha vida no mundo gigante dos humanos.

Ilustração de Cerulean, da Catharina Baltar

COMO SER/APOIAR UM ARTISTA INDEPENDENTE
Muitos quadrinistas encontram apoio para seus trabalhos no site Catarse, que é uma ferramenta importante para artistas independentes que buscam apoiadores para publicar projetos. Inclusive, Bianca, Sy e Catharina são rostinhos conhecidos por lá. Então, se você quer apoiar projetos independentes (como eu mesma fiz com ALHO-PORÓ), ou melhor, se quer lançar a sua própria história em quadrinhos, fica a dica de por onde começar. Algumas garotas já estão com projetos interessantes em busca de ajuda, como:


Mas agora queremos saber: vocês têm o costume de ler HQs? Quais outras quadrinistas brasileiras vocês conhecem? Comentem e compartilhem as suas opiniões com a gente!

You May Also Like

0 comentários

Obrigada pelo comentário! Se tiver um blog ou site, coloque o link!