Sobre Bruna Marquezine, Gleice do BBB e a liberdade de ser quem quiser
Eu tinha preparado um outro texto
para hoje, que falava sobre como a moda pode representar quem realmente somos,
tornando-se sinônimo de liberdade. Isso lembra as roupas usadas por boa parte
das pessoas no carnaval. Roupas usadas em um evento que me passa a impressão de
fazer as pessoas darem de cara com a sua essência e chamarem ela para dançar.
Aí eu vi imagens da fantasia da Bruna Marquezine e tudo que eu enxerguei foi
alguém que se ama e aparenta estar satisfeita com seu corpo. Só que o foco
acabou sendo se os seios dela são bonitos o suficiente ou não.
Ter que colocar o corpo de uma
mulher no centro de uma discussão, como se ela fosse um ornamento para ser
avaliado, é algo extremamente invasivo e uma dessas coisas que a gente pensa ‘’eu
não acredito que ainda tenho que protestar contra isso’’.Falar que o corpo, o
jeito ou a roupa de alguém, principalmente das mulheres que são as mais vitimadas
por essa cagação de regra, não diz respeito a mais ninguém, a não ser a dona do corpo, deveria ser
algo tão simples que nem precisaria ser debatido. Ainda ter que discutir isso
me deixa irritada e triste ao mesmo tempo.
Mas eu concluí que esse é um dos assuntos que
a gente ainda precisa discutir muito para tentar evoluir, porque nunca é só sobre os
seios da atriz global. É também sobre os comentários pejorativos sobre o físico
de uma participante do BBB18. É sobre uma menina de 11 anos que se matou porque
não estava feliz com a sua própria aparência. É sobre várias mulheres, famosas
ou não; padrões ou não; inclusive a pessoa que vos fala, que precisam lidar com
uma sociedade achando que vivemos para satisfazer o gosto alheio.
Beleza em todos os
formatos e tamanhos. Créditos: Jennifer Pena
Eu já perdi a conta das inúmeras vezes em que eu tava me
sentindo bem com a minha aparência ou melhor ainda, nem pensando sobre ela, e
alguém veio com um comentário desnecessário acabando com essa sensação. Primeiro, falando sobre como eu estava
me mostrando para os outros. Segundo,
como eu deveria me mostrar. E às vezes tem até um terceiro, me comparando e dizendo como as outras mulheres se
mostram e como eu devo ser do mesmo
jeito.
Isso é extremamente invasivo e desrespeitoso, porque ninguém
se preocupou em pensar em como eu tava me sentindo com a minha própria
aparência, e se eu parecia ta feliz naquele momento é porque possivelmente nem
me preocupava com ela.
Por isso é tão difícil se amar do jeito que a gente é, e
falar que ser uma pessoa livre é importante, parece ser muito mais fácil na
teoria. Mas mesmo isso precisando ser uma tarefa árdua e diária, aqui vai uma
coisa: se amar dá bem menos trabalho do que se odiar. Quando a gente se odeia é
preciso ficar se torturando e achando defeito em cada ação que cometemos, isso
demanda muito mais energia e dedicação.
Se amar e ser uma pessoa livre é muito mais sobre leveza e
sobre aproveitar os pequenos prazeres da vida. Sem esquecer jamais que não somos um ornamento feito com um
propósito de enfeitar qualquer ambiente e cujo donos desse ornamento podem
mudar de lugar, pintar ou fazer qualquer outra alteração que seja. A gente está
aqui muito mais para sentir. Por isso, podemos ser quem quisermos. E eu sei também que
o que a gente acha bonito tem interferência do que nos ensinam que é bonito, e para
fugir desse padrão é outro processo difícil. Mas não podemos desistir nunca de
tentar.
Amar
a si mesmo é a maior revolução.
Acima de tudo, sempre
respeite quem você é, porque a maior violência é a que cometemos contra nós
mesmos quando a gente deixa de fazer ou ser quem quer e vai se anulando para
caber no mundo dos outros.
1 comentários
Caraca, seu blog deu uma estilizada bacana. Gostei bastante! ;)
ResponderExcluirAdorei o texto que a talicia publicou. Ainda não havia parado para ler, mas é sempre bom falar e relembrar sobre a quebra de "paradigmas", "tabus" e tantas outros conceitos que a sociedade resolve trazer de anos atrás para hoje. Eu não gosto do Carnaval, sinceramente, mas vi os comentários que fizeram sobre os seios da Bruna Marquezine. Sinceramente? Bruna Marquezine é um melherão da p***@ (e se o Neymar não cuidar direito eu cuido ;) ), e saber que ela é emponderada e está bem com o próprio corpo trás "problemas", o que na verdade não deveria acontecer. A sociedade insiste em criticar porque ela vive a base de padrões e por isso temos o feminismo, para quebrarmos os padrões. :)
Ótimo reflexo! :)
https://j-informal.blogspot.com.br/
Obrigada pelo comentário! Se tiver um blog ou site, coloque o link!