Jessica Jones e The Walking Dead: reflexões sobre a presença feminina nos bastidores das duas séries
A Netflix finalmente liberou 13 novos episódios de Jessica Jones, mais de dois anos após o lançamento da primeira temporada, em novembro de 2015. A estreia das novas aventuras da nossa heroína sem capa ocorreu em uma ocasião especial: o dia internacional da mulher, em oito de março. A data tem ainda mais importância com as várias denúnicias de mulheres assediadas nos bastidores das grandes produções para TV e Cinema que vieram a público ainda em 2017.
Além de trazer uma heroína diferenciada e de qualidade (Krysten Ritter), a equipe de Jessica Jones tem investido muito na potencialidade da série em ser uma janela para tratar de assuntos referentes às mulheres: representatividade, presença feminina em altos cargos da produção, valorização do trabalho artístico feminino, etc. Prova disso é que a segunda temporada teve seus 13 episódios dirigidos por 13 mulheres diferente. Além do mais, 13 ilustradoras fizeram posts para cada um desses episódios. Na primeira temporada já estava evidente a temática das várias violências sofridas por Jessica, física e mentalmente, nas mãos do vilão Kilgrave.
Krysten Ritter como Jessica Jones
Na contramão de tudo isso está The Walking Dead. A série de zumbis foi lançada em 2010, com base nas histórias em quadrinhos de Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard. Atualmente em sua oitava temporada, a trama já surpreendeu o público com várias mulheres fortes e guerreiras. Desde o início, Carol Peletier (interpretada com maestria por Melissa McBride) pode ser citada como uma delas. Carol era vítima de agressões do marido e ao longo da série se transformou em uma das personagens mais marcantes e importantes da produção.
Contudo, nos últimos meses, a incerteza da permanência de uma atriz no elenco evidenciou um problema que afeta muitas mulheres, famosas ou não: desvalorização salarial. Lauren Cohan interpreta Maggie Greene, importante personagem para o andamento da história e uma das que tem mais aparições na série. Lauren ainda não teve contrato renovado para a próxima temporada. Isso ocorre na mesma época em que ela pede um aumento de salário, atualmente dez vezes menor que o de Andrew Lincoln, principal ator masculino. Alguns sites ainda afirmam que Sonequa Martin-Green (interpretava Sasha) também teria deixado o elenco por falta de acerto salarial.
Na série, a personagem de Lauren se tornou líder de uma importante comunidade de sobreviventes
De um lado, uma série que investe no talento e na competência feminina, de sua personagem principal à equipe de produção; do outro, uma que perde suas atrizes expressivas e essenciais por desvalorização salarial.
Há, por fim, algumas reflexões a que nós, telespectadoras, devemos nos atentar. Será que é possível assistir uma série separando as emoções de sua ficção das questões importantes da realidade? É possível, em nome da arte, ignorar situações que são parte do dia a dia das mulheres, não importando a profissão exercida? Reflexões são necessárias; mudanças também.
1 comentários
Que triste saber que nem todas as séries de tv valorizam suas profissionais, ainda mais a Maggie em TWD que é uma das minhas personagens favoritas. Deve ser por isso que ela não estava tão presente nos primeiros episódios da oitava temporada =/
ResponderExcluirAdorei o seu texto, inclusive, o indiquei lá nos Links do Mês do blog!
Beijos
Inverno de 1996
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